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quarta-feira, 25 de julho de 2007

“1976/77 Época de Ouro do Basquetebol Figueirense”


Na época de 1976/77, o Ginásio Clube Figueirense seria o 13º Clube a entrar para a honrosa lista dos Campeões Nacionais de Basquetebol e o 8º, a erguer a Taça de Portugal. Vinte e Cinco Anos volvidos, testemunhámos estes êxitos na primeira pessoa de alguns dos protagonistas, juntamente com documentos da mais variada índole. Julho de 1976 Iniciam-se, como habitualmente, os preparativos para a nova época de basquetebol da 1ª divisão. A cidade da Figueira da Foz, conhecia esta movimentação desde 1958/59, ano em que o Ginásio Clube Figueirense, pela primeira vez, pertenceu ao escalão maior do basquetebol nacional. Desde então, os Figueirenses puderam presenciar a evolução dos jogadores das melhores equipas nacionais nos seus recintos, não só através do Ginásio (por 9 vezes), mas também pelo Sporting Figueirense (4 vezes) e pela Associação Naval 1º de Maio (2 vezes).Todos em anos diferentes. As ausências foram nas épocas 1968/69 e 1974/75. Neste último ano de ausência dos palcos da 1ª divisão de basquetebol, o Ginásio voltaria a subir de divisão, orientado, então, por Armando Dias.Armando Dias, tinha regressado à Figueira da Foz vindo de Moçambique, onde tinha treinado o Desportivo da Beira. Em Moçambique, no decorrer dos Campeonatos Provinciais e Distritais, para além do aspecto competitivo, fomentavam-se os contactos e os novos aspectos de evolução técnica entre todos os agentes desportivos. Os clubes provenientes da capital Moçambicana, mais bem dotados ao nível de jogadores e superiormente orientados tecnicamente, levavam clara vantagem.No final da época de 1975, encontrava-se na Figueira da Foz, por um período de férias, Adam Ribeiro. Conhecedor profundo e figura emblemática, como treinador, do então basquetebol Moçambicano, é convidado por Armando Dias para conhecer a equipa então por ele treinada.Adam Ribeiro torna-se um grande amigo e sócio do Clube e um frequentador assíduo da sede à Rua dos Combatentes, tendo inclusivamente ministrado uns treinos à equipa principal do Ginásio.Em sequência dessa amizade gerada e do iminente regresso de Portugueses de Moçambique, ponderou a então Direcção do Clube, estudar a viabilidade de reforçar a sua equipa com alguns desses jogadores. Um primeiro contacto efectuado com Adam Ribeiro, está relatado na acta nº 13 de 28/06/1976, que indica a determinado passo que se iria “...contactar com o Senhor Adam Ribeiro para a vinda de dois jogadores...”. Em Julho de 1976, em carta endereçada ao Ginásio Clube Figueirense, Adam Ribeiro indicaria um conjunto de jogadores Moçambicanos que iriam regressar em breve a Portugal. Sobre os mesmos, acrescentava as suas referências pessoais. Entre eles, encontrava-se Samuel Carvalho que pediu como garantia, que lhe arranjassem um emprego para vir viver para a Figueira da Foz. Estávamos em Agosto de 1976, como relata a Acta nº 19 da então direcção ginasista do dia dez, em que diz a determinado ponto “...foi aprovado reforçar a nossa equipa de. Basquetebol com a vinda do jogador Samuel Carvalho...”.A esta decisão, não terão sido alheias as referências apontadas a este jogador por Adam Ribeiro: “Avançado, podendo jogar na posição de poste ou base, 1.87 m, jogador forte, bom defensor e bom marcador. Bom espírito de equipa. Moço culto e educado. Tem também evidenciado boas qualidades como técnico de categorias jovens, cujas equipas têm sempre brilhado e obtido títulos...”. Samuel de Carvalho, então com 23 anos, onze vezes internacional sénior (7 por Portugal e 4 por Moçambique), provinha de um clube destacado da então capital moçambicana Lourenço Marques: O Clube Ferroviário. O seu recinto de cimento ao ar livre, com capacidade para cerca de 800 pessoas era um autêntico viveiro de basquetebolistas. O Basquetebol era na altura a modalidades desportiva número um, rivalizando com o futebol, o hóquei em patins e a natação, modalidades praticadas também no Clube Ferroviário. Tinha sido treinador das camadas jovens do Ferroviário em três anos consecutivos, tendo levado sucessivamente, equipas de iniciados, juvenis e juniores ao título de campeão. Na sua opinião, um papel importante na acção formativa dos jogadores do Ferroviário, teria sido desempenhado pelo treinador Mário Machado, um ex-jogador do Futebol Clube do Porto e do Sport Lisboa e Benfica que criou uma escola de formação dentro do Clube, trazendo com ele conceitos novos da modalidade como a defesa homem a homem em lugar da tradicional defesa à zona. Pouco tempo depois, no dia 13 de Agosto, por não ter arranjado lugar no mesmo avião em que tinha vindo Samuel Carvalho e após uma viagem de comboio atribulada até à Figueira da Foz, viria Luís Dionísio.Natural de Trancoso, referenciado como um “...Grande lançador, bom defensor e lutador por excelência...”, provinha de um outro Clube de Lourenço Marques - o Sporting - na altura o grande dominador do Basquetebol Moçambicano. Constituído por jogadores que marcaram uma geração de basquetebolistas como Nélson Serra, Mário Albuquerque, Rui Pinheiro ou Joaquim Neves (viriam a representar o Sporting Clube de Portugal), o Sporting possuía um pavilhão coberto com capacidade para cerca de 6.000 pessoas. “Talvez fosse uma das razões porque no Sporting houvessem os melhores lançadores. Não tinham os obstáculos naturais como o vento...e o piso era outro”. Luís Dionísio, representava o Sporting desde 1969 como atleta juvenil, tendo somado êxitos sucessivos até à época de 1975/1976 já então, como atleta sénior. Foi internacional pela selecção de Moçambique por duas vezes e igualmente pela selecção de Lourenço Marques por 2 vezes Esteve presente também na Taça dos Campeões Europeus em 1973/74 pelo Sporting. Na sua última temporada em Moçambique, treinou uma equipa de jovens do colégio D. Bosco da capital moçambicana.No dia 31 de Agosto, embarcaria rumo ao Ginásio, um jogador com idade júnior mas que por força das circunstâncias, integrava o plantel da equipa sénior do clube Ferroviário treinada por Adam Ribeiro: António Almeida.O seu então treinador referenciava-o como sendo “... a grande revelação do basquetebol Moçambicano. Grande domínio de bola, visão de jogo e bom defensor. É tecnicamente o melhor jogador de Moçambique. Nos recentes jogos contra a Selecção da Província Chinesa de Kuang Tung, foi sempre o melhor elemento no rectângulo. Um craque. É estudante. É muito rápido”.António Almeida tinha então 19 anos e pelo Ferroviário tinha obtido dois títulos nacionais, sendo também titular da selecção de Moçambique. Todavia, tinha iniciado a sua carreira desportiva no Atletismo e mais tarde, na sua modalidade preferida da altura, o Futebol. O seu contacto com o Basquetebol dar-se-ia casualmente num Torneio de Mini-Basquetebol patrocinado pela Coca-Cola, onde não passaram despercebidas as suas qualidades técnicas.Impossibilitado mais tarde de conciliar as duas modalidades, optaria pelo basquetebol. Matricular-se-ia e completaria o 12º ano de Electrotecnia na actual Escola Secundária Dr. Bernardino Machado. A viagem destes elementos não tinha trazido custos adicionais ao Clube.Porém, a colocação de todos estes jogadores na Figueira da Foz foi um processo burocrático trabalhoso e complicado, cabendo então ao IARN, a responsabilidade de repatriar os portugueses provenientes das ex-colónias.“...Todos estes rapazes pretendem empregos, pelo que vos peço o melhor acolhimento e interesse naqueles que vierem a ingressar no vosso Clube ...“, escrevia a determinada altura Adam Ribeiro na carta que temos vindo a referenciar. O Ginásio, Clube com grandes dificuldades, atravessava na altura, uma crise directiva, como corolário da transformação geral em que estava envolvido todo o País. Elísio dos Santos Godinho, um dedicado ginasista de sempre, assumiria a Direcção a partir de 5 de Março de 1976, secundado pelo presidente da Assembleia-geral, Jorge Galamba Marques. Era então secretário da Direcção, Horácio Barral (também ele regressado de Moçambique).Jorge Galamba Marques irá desempenhar um papel fundamental em todo o processo de vinda, colocação e integração de todos estes jogadores na comunidade figueirense. Estes, haveriam de ficar instalados na então sede do Ginásio Clube Figueirense, à Rua dos Combatentes, ocupando, após alguns melhoramentos, a sua parte superior. As refeições eram então tomadas na Pensão Demétrio (na rua Dr. Calado), um dos locais que serviu como alojamento para vários portugueses desalojados das ex-colónias. Pouco tempo depois, na sede do Ginásio, viria também a funcionar um refeitório improvisado. Com a cozinha sob a responsabilidade da D. Isabel Gama e o prestável Mota a tratar da roupa, começou a ser possível tornar mais acolhedora a estadia destes jogadores. Aos três jogadores mencionados, juntam-se parte daqueles que provinham da época anterior: António Albano, João Paulo Neto, José Carlos Figueiredo (“Perigosa”), António Sotero, Vitor Coelho, João Manuel Silva (“João Molengão” ex Naval) e José Luciano Amaral. Estes últimos três jogadores, haveriam de deixar de jogar durante a época por motivos vários. Mais tarde, incluiria ainda Fernando Norberto que tinha representado a Associação Naval 1º de Maio na época anterior e que também abandonaria posteriormente, assim como Fernando Sotero, que apenas executou alguns treinos antes de se transferir para a Associação Naval 1º de Maio. A equipa incluía ainda António Pina, jogador do escalão júnior, mas integrado posteriormente, na equipa de seniores. Tinha jogado na época anterior na Naval 1º de Maio. Dos jogadores focados, António Albano, tinha sido a grande revelação do Ginásio nas últimas épocas e viria a ser a reserva de que a equipa necessitou em momentos decisivos. Integrou, pela primeira vez, a equipa principal do Clube com apenas 15 anos, tendo sido, um produto das escolas do Ginásio criadas por Kevin Shea. Assumiria mais tarde, por algum tempo, a orientação de equipas das camadas jovens do Ginásio. António Sotero tinha regressado de Angola em Dezembro de 1975. Iniciou-se no basquetebol nas camadas jovens do Ginásio aos 9 anos, tendo sido campeão regional e distrital em iniciados e infantis. Em Angola, começou por representar o Belenenses de Luanda e mais tarde, o Ferroviário, da capital angolana, onde em 1974, com a idade de júnior, alinhava já na equipa sénior. Fez parte da selecção de júnior de Angola. O basquetebol em Angola estava bastante desenvolvido e tentava ombrear com o de Moçambique (mais desenvolvido), conforme atestam os resultados desportivos entre ambos, nos escalões principais. “Treinava todos os dias e aos domingos no Liceu Salvador Correia, onde estudava... O Ferroviário, tinha um campo excelente, junto ao cais de Luanda (nas luzes amarelas). Lembro-me que quando chovia, os jogos (todos à noite por causa do calor), tinham de ser interrompidos e depois, se a chuva parasse, tinham que limpar o campo até ficar seco! A capacidade destes campos ao ar livre, era de 2 a 3 mil pessoas e esgotavam sempre. Havia já muito interesse pelo basquetebol... As escolas de mini-basquetebol do Clube Vila Clotilde produziam muitos bons atletas. Havia uma aposta forte na formação e já se contratavam americanos para promover o basquetebol”. Vítor Coelho, jogador internacional, tinha sido o verdadeiro “motor” das anteriores equipas do Ginásio. mas viria a ter uma época que terminaria prematuramente(Sairia, conjuntamente com João Silva no início de Março). O Ginásio, habituado a uma equipa cujo o objectivo fundamental passava pela manutenção no escalão superior do basquetebol nacional, tinha uma equipa capaz de fazer coisas bonitas e até a de ombrear na disputa para os primeiros lugares. “O objectivo fundamental do Ginásio é o de manter-se na 1ª divisão”, frisava na altura, Jorge Galamba Marques.Profundo conhecedor dos valores Moçambicanos, Adam Ribeiro, referiria ainda “...Uma equipa constituída com os nomes indicados, nunca teria dificuldades de permanência na 1ª Divisão. Indo mais longe, estou certo que discutiriam o título Nacional, depois de devidamente aclimatados e ambientados”.
A primeira competição da época, o Campeonato Regional, realizada em Setembro e disputada pelos Clubes da Figueira da Foz: Ginásio Clube Figueirense, Associação Naval 1º de Maio e Sporting Clube Figueirense - foi vencida pelo Ginásio, único Clube Figueirense da 1ª divisão e principal candidato à vitória nesta competição. Se era esperada a vitória do Ginásio, os números pelos quais as mesmas se expressaram foram um pouco surpreendente dado o desnível verificado.Os Figueirenses, começaram a aperceber-se a partir daqui, que tinham uma equipa de basquetebol com um outro potencial ao que estavam habituados. Em redor dela, viria a formar-se uma auréola de entusiasmo e de alegria contagiante a todos, independentemente da sua inclinação por um dos emblemas locais. No Torneio de Apresentação da equipa ao público da Figueira em 16 e 17 de Outubro, com a presença do Algés e do Académico de Coimbra, embora tendo perdido com o CAC, o Ginásio voltou a revelar uma equipa de maior gabarito que em épocas anteriores. Porém, o retorno de Portugueses das ex-colónias prosseguia como consequência da instabilidade gerada nos respectivos países. Em Outubro de 1976, Samuel de Carvalho, então já empregado na Tesouraria de Finanças, é alertado por um telefonema recebido na sede do Ginásio, de um jogador Moçambicano que gostaria de vir a integrar-se na equipa do Ginásio. “Sr. Galamba, se conseguirmos a vinda deste jogador, podemos discutir o título de Campeão Nacional!”. A reacção dos dirigentes ginasistas, perante a vontade indómita de todos, foi a de encontrar a melhor solução para a vinda deste jogador, acossado por outros clubes.Este jogador era Eustácio Dias, conhecido como a “Pérola de Moçambique”. Provinha de um Clube do popular bairro de Malhanga em Lourenço Marques: o Clube Desportivo Malhangalene. O Malhangalene, à semelhança dos restantes clubes moçambicanos, tinha uma apetência pelo basquetebol e pelo hóquei em patins. O seu recinto coberto, tinha capacidade para cerca de 3.000 pessoas. Após se ter iniciado desportivamente no andebol em torneios escolares (não havia, na altura, equipas federadas), integrou, a partir de 1970, a equipa de juvenis do Malhangalene. Na época de 1972/73 subiria à categoria de seniores juntamente com a maior parte dos seus colegas de equipa, em virtude dos jogadores que compunham a então equipa de seniores terem na sua maioria sido chamados para cumprir o serviço militar. Foi um ano de aprendizagem e de grande valorização basquetebolística para estes jovens jogadores, ao defrontarem as outras equipas representativas do basquetebol moçambicano, reforçadas já com jogadores americanos. Na época de 1973/74, reforçados com um jogador americano, o Malhangalene tornar-se-ia campeão nacional. O seu treinador era Adam Ribeiro, que sobre Eustácio indicava, entre outros atributos, ser “muito forte nas tabelas, bom poder de salto... lutador e com bom espírito de equipa”.No ano seguinte, a equipa desfez-se. Para Portugal, para além do jogador Eustácio, viria para o Sangalhos o jogador Araújo e Quim.Internacional júnior pela selecção Portuguesa no decorrer do Campeonato Europeu em Itália em 1972, Eustácio tirou férias na instituição bancária onde trabalhava e veio para Portugal em 1976. A integração destes jogadores na comunidade figueirense, pela mão de Jorge Galamba Marques, estava a ser progressivamente executada. A cidade, com as suas próprias condições naturais, contribuiria para a ambientação dos jogadores oriundos de Moçambique onde não se jogava por dinheiro. Na Figueira da Foz encontraram uma cidade com característica semelhantes e que se preocupou mais em lhes conseguir um emprego do que lhes pagar para jogarem basquetebol. Por outro lado, prosseguiam, aos poucos, os melhoramentos no sótão da Rua dos Combatentes, local que pelas suas características, se tornou num factor de união e de coesão do grupo. Tal, revelar-se-ia um dos pilares do sucesso desta equipa, pelo espírito gerado em ultrapassar as mútuas dificuldades e transpor as mais diversas adversidades, num grande espírito de força e de união. O Ginásio com uma equipa integralmente amadora - tinha assim um jogador específico para cada posição: na posição um (1) António Almeida; na dois (2) Luís Dionísio; na posição três (3) Samuel Carvalho; na quatro (4) António Sotero; na posição cinco (5) Eustácio Dias. Os restantes jogadores que compunham o plantel ginasista, complementavam e bem este quinteto. Integrariam ainda, a partir de 17 de Fevereiro o plantel do Ginásio, os jogadores Armindo Costa e Paulo Carvalho (que regressaria a Moçambique antes do terminus do campeonato).Armindo Costa, provinha do Clube Ferroviário e tinha sido colega de equipa dos jogadores provenientes desse mesmo clube;Paulo Carvalho tinha representado o Desportivo de Lourenço Marques (um dos mais populares Clubes da capital Moçambicana. O seu recinto para basquetebol era de cimento ao ar livre, com capacidade para cerca de 2.000 pessoas) e jogado pelo Benfica. Os seccionistas António Tafula (condutor da carrinha VW azul que dentro dela encerrou histórias hilariantes!), Fernando Braz e o dedicado massagista do clube rubro José Costa Gomes (que tinha iniciado a sua actividade desportiva no Benfica de Nampula), que teve, a miudamente, a colaboração de António Fernandes (vindo do Ferroviário e que exerceu a sua actividade na Associação Naval 1º de Maio), completavam o restante quadro técnico. Manuel Ferreira Correia, Dr. José Carlos Gama e posteriormente, Francisco da Conceição Restolho, seriam os dirigentes, para além dos já citados, que mais de perto acompanhariam a equipa. Entretanto, Armando Dias, deixaria de ser o treinador da equipa. No jogo de apuramento do vencedor do Campeonato Distrital, realizado no dia 13 de Novembro, o Ginásio, orientado por Samuel Carvalho, venceria o Clube Académico de Coimbra (que mais tarde voltaria a adoptar o seu nome de Associação Académica de Coimbra), por 89-87. Seguiu-se o Campeonato Nacional (zona Norte), onde a equipa foi orientada temporariamente, por João Penicheiro. Invocando motivos profissionais, não pode prosseguir o seu trabalho, sendo substituído por Luciano Amaral. Este jogador, tinha-se despedido da modalidade num jogo com o F.C. Porto e acumularia, simultaneamente, as funções de treinador da equipa sénior e de júnior. Um episódio curioso que de alguma forma poderá ter espicaçado este grupo, foi o de uma derrota em Gaia, perante o F.C. de Gaia, constituído por jogadores do ex-BPM (Banco Pinto Magalhães). Nesta equipa, pontificava o jogador Casimiro, que à sua conta, marcou vários pontos. Para além das contingências do jogo, esta derrota, levou o atleta Luís Dionísio a escrever um papel em letras bem visíveis, à entrada porta do sótão da Rua dos Combatentes, relembrando, diariamente, a humilhante derrota. Entretanto, o Ginásio participou no 2º Torneio de Natal do Académico de Coimbra, em que, para além das duas equipas citadas, teve a presença do Sporting (campeão nacional) e do Castellar de Barcelona.A presença satisfatória do Ginásio neste Torneio, revelou a nítida falta de treino, tornando-se cada vez mais premente a necessidade de um treinador que desse uma colaboração efectiva à equipa. Com a perspectiva de uma presença na fase final e aproveitando a colocação na Figueira como monitor da D.G.D (Direcção Geral de Desportos), foi contratado em 18 de Janeiro, António Azevedo que teve a anuência dos jogadores e da direcção, como consta da acta nº 38 do dia 25. António Azevedo provinha também de Moçambique e tinha tido uma vida ligada ao basquetebol. A sua carreira, tinha-se iniciado como jogador de basquetebol no Clube Ferroviário e mais tarde, como treinador, quase sempre ligado às camadas jovens, excepto na época 1974/75, em que orientou a equipa principal, onde alinhavam alguns atletas do actual plantel do Ginásio. Anos mais tarde, já em Moçambique, tornar-se-ia árbitro da modalidade e treinador da Real Sociedade (outro clube da capital moçambicana). António Azevedo, teve o condão de conseguir optimizar o melhor de cada jogador, melhorando significativamente o poder do colectivo. “Andava sempre de chinelos e nunca mostrava as pernas (sempre de calças!). Era uma pessoa simples mas de forte personalidade”.António Azevedo, afirmaria numa entrevista, a propósito do jogador moçambicano “...ele é mais imaginativo, isto porque o de aqui talvez, desde cedo, habituado a determinados processos e orientado para eles. Ora lá não sucede isso; mercê de uma maior liberdade, ele puxa mais pela sua imaginação e dessa forma torna-se mais habilidoso, exprimindo-se mais em técnica...”. No final do mês de Janeiro de 1977, o Ginásio fica apurado para a fase final do Campeonato após a sua brilhante prestação na Zona Norte.Uma nova mentalidade ganhadora tinha sido adquirida quando não se jogava na Figueira da Foz. Os jogos eram disputados jornada a jornada, não havendo à priori, jogos previamente decididos. Para além de o Ginásio ter a equipa mais bem apetrechada de sempre, jogava de uma forma alegre, funcionando um grande espírito de grupo.
O campeonato era então disputado em duas fases: numa primeira, os clubes encontravam-se divididos em duas zonas (Norte e Sul) das quais se apuravam os quatro primeiros classificados de cada zona, para disputarem depois, a fase final, em jornadas duplas no fim-de-semana.Pela zona Norte, ficaram apurados o Ginásio, o F.C. Porto, o Sangalhos e o Clube Académico de Coimbra; da zona Sul o Sporting, o Benfica, o Queluz e o Barreirense. As diversas equipas de basquetebol tinham alterado a constituição dos seus planteis em relação à época anterior, nomeadamente com a contratação de jogadores vindos das ex-colónias, que se tinham distribuído pelos diversos clubes nacionais. O principal candidato ao título, pela qualidade técnica individual e global dos seus jogadores e por ser o actual detentor do troféu, era o Sporting Clube de Portugal. O Futebol Clube do Porto, Sangalhos, Benfica, Clube Académico de Coimbra e Ginásio, seriam provavelmente, potenciais aspirantes às naturais ambições leoninas.No que concerne a jogadores norte-americanos, apenas o Sangalhos possuía nas suas fileiras o jogador Bill. Entre as duas fases do Campeonato, realizar-se-ia no Porto, o “Torneio Lacoste” com as presenças das equipas do F. C. Porto, do Ginásio, do Cinzano de Inglaterra e do All Stars.
O Ginásio teve o condão de vencer em recintos onde nunca tinha triunfado como no do Benfica, ou no do Sporting. “Não nos impressionava as dimensões dos pavilhões desportivos, mas estranhávamos a existência de grades e de rede de protecção, em torno dos recintos e as atitudes do público”. Todavia, os jogadores não tardaram a perceber o porquê da existência destas protecções.Em Moçambique (onde não havia televisão), rivalidade existia mas, era uma rivalidade saudável alicerçada numa salutar cultura desportiva. Os espectáculos desportivos, sobretudo os de basquetebol, hóquei em patins e de futebol, assim como as provas de natação, eram seguidas e acompanhadas por um grande número de entusiastas que apoiavam e aplaudiam os representantes do seu clube preferido. “Recordo-me de ter visto num jogo de seniores, com o recinto completamente cheio, o jogo parar, para o árbitro solicitar a um espectador da assistência o favor de sair do recinto...” Entretanto, aos 11 de Fevereiro de 1977, o Engº António Martins da Silva é eleito Presidente da Direcção do Ginásio e com ele, um novo elenco directivo. Verifica-se também a partir do início deste ano, um grande número de admissão de novos sócios, que no mês de Maio atingiria os 1.500. Um dos jogos mais marcantes desta fase, terá sido aquele disputado no Domingo de 8 de Fevereiro no pavilhão de Alvalade (com transmissão televisiva), em que o Ginásio venceria o Sporting.O Jornal «A Bola», no rescaldo do Campeonato, escreveria: “A sua brilhante vitória e excelente exibição em Alvalade logo no começo, perante um dos grandes favoritos ao título, abriu-lhe as melhores perspectivas e a equipa foi ganhando confiança e conquistando os aplausos dos adversários e da crítica”. Costa Gomes, massagista do Ginásio, relembra que uma das suas mais gratas recordações é a de “um jogo que disputámos em Sangalhos, em que ao intervalo tínhamos marcado 60 pontos “. Comentava um jornal de então, sobre este jogo: “Ainda mantemos nos olhos profundamente viva e penetrante, a «gala» Basquetebolística que o «cinco» do Ginásio, comandado por esse senhor jogador que dá pelo nome de Samuel, proporcionou aos adeptos do Sangalhos…e não só! naquela 1ª parte irresistível que teve lugar no Pavilhão dos bairradinos...”.
“FIM DE SEMANA A CAMINHO DO TÍTULO”
Parece que foi ontem... mas são já passados 25 anos, um quarto de "'Século.Referimo-nos naturalmente à conquista do Campeonato Nacional de Basquetebol e da Taça de Portugal pelo Ginásio Clube Figueirense na época já distante de 1976/77.Convidado pelo actual Presidente da Direcção a dar o meu contributo para uma edição do VAI D'ARRINCA comemorativa dos vinte e cinco anos dos títulos acima referidos, focando algum episodio digno de ser lembrado, confesso que tive dificuldade em seleccionar algo que em breves linhas possa exprimir todo o manancial de emoções vivido na caminhada para aqueles triunfos.Por isso resolvi-me a recordar o fim-de-semana que, na minha opinião, foi decisivo na conquista do Título. Refiro-me, e se a minha memória não me atraiçoa, ao fim de semana em que o Ginásio defrontava, em jornada dupla, e fora de casa, o F.C.Porto, nosso principal adversário para a conquista do campeonato, e o Sangalhos um opositor sempre muito difícil, principalmente na seu reduto.Para o Ginásio se manter na rota do título as alternativas para aquele fim-de-semana, tanto quanto me recordo, eram: Ganhar ao Porto, podendo então perder com o Sangalhos; perder com o Porto por menos de 9 pontos e ganhar ao Sangalhos; Naturalmente ganhar ao Porto e ao Sangalhos.Como se pode constatar não era tarefa fácil.Confiança no valor da equipa não faltava, mas com os imponderáveis em que o desporto é fértil, tudo podia acontecer.E agora vamos aos acontecimentos:-Sábado à noite jogo com o Porto, no Pavilhão das Antas, cheio que nem um ovo.-Emoção a rodos e algum nervosismo que cada um disfarçava como podia.-A dedicada massa associativa e simpatizante do Ginásio fez-se representar em bom número, mas, apesar do seu entusiasmo, era naturalmente abafada pela claque portista. Iniciado o jogo, o Porto conseguiu algum ascendente, mas foi sol de pouca dura...Passados os primeiros minutos a equipa do Ginásio começou a desbobinar o seu jogo, principalmente o seu mortífero contra-ataque, e não tardou que o pavilhão se tornasse mais silencioso, como que a apreciar um espectáculo de beleza ímpar.Naturalmente que, apesar do ascendente da equipa do Ginásio, o jogo foi sempre equilibrado, principalmente pela muita garra posta em campo pelos jogadores do Porto que sabiam ser aquele um jogo decisivo, para poderem aspirar à conquista do campeonato. Um início de segunda parte menos conseguido por parte do Ginásio, coisa aliás habitual na nossa equipa, levou o Porto a conseguir um triunfo difícil nos últimos minutos por cinco pontos.Com este resultado estava conquistada uma das condições para que todas as nossas aspirações se mantivessem intactas e a equipa, apesar de derrotada, sentiu que com a exibição realizada, num ambiente nada fácil, podia aspirar aos mais altos voos.E a confiança estava bem alta para o jogo de Domingo com o Sangalhos e em que seria de esperar, como se verificou, um apoio ainda mais numeroso e entusiástico das gentes Ginasistas.Para evitar uma viagem para a Figueira após o jogo com o Porto, há 25 anos bem mais demorada que actualmente, e também para permitir, tanto quanto possível, mais horas de repouso e um ambiente mais calmo, a equipa pernoitou na Pousada de Serém (passe a publicidade) próximo de Albergaria-a-Velha.Recordo-me de se ter passado uma manhã bem relaxante, propícia a que a equipa estivesse em condições óptimas para enfrentar o desafio que a esperava no pavilhão de Sangalhos.Como na véspera, também este jogo era aguardado com grande expectativa, principalmente entre as hostes Ginasistas, mas também por parte dos bairradinos que não queriam deixar os seus créditos por mãos alheias.Iniciado o jogo assistiu-se, desde o primeiro minuto, a um espectáculo inolvidável de basquetebol proporcionado pela equipa do Ginásio. Foi uma primeira parte de sonho, que levou ao rubro a numerosa assistência e que acredito muitos ainda recordarão como uma jornada ímpar no palmarés do Basquetebol Ginasista.Com a vantagem acumulada, a segunda parte foi jogada de forma cautelosa, como, aliás, se impunha, de forma a garantir a preciosa vitória que nos abria as portas da conquista do campeonato, objectivo conseguido, como provavelmente, todos se recordam, noutra excelente jornada, em Coimbra, tendo como adversário o Académico daquela cidade.Como já referi, este foi, na minha opinião, um fim-de-semana determinante e inesquecível na minha caminhada para o titulo de Campeão e que recordo com emoção e saudade.Foram de facto, momentos inolvidáveis os que se viram e nos foram proporcionados por um grupo de atletas de inquestionável valor e que tão bem souberam honrar a camisola gloriosa do Ginásio.Nesta hora em que se comemoram os 25 anos da conquista de dois títulos significativos do historial do Basquetebol do Ginásio quero deixar uma palavra de sentida homenagem a todos os que de forma desinteressada e digna contribuíram com o seu trabalho e dedicação para que tal desiderato tenha sido alcançado e curvo-me perante a memória dos que connosco viveram essas jornadas inesquecíveis e entretanto nos deixaram.
VAI D'ARRINCA GINÁSIO
António Martins da Silva
Este jogo, antecedeu a última jornada, marcada para sábado, 26 de Março no pavilhão da Palmeira em Coimbra, em que o Ginásio venceria o CAC por 65-76.
Na foto: António Almeida, António Sotero, Luis Dionisio, Eustácio Dias, Samuel Carvalho /Árbitros /Augusto Baganha, José Tavares, Carlos Santiago, Quen Gui, José C. Gomes.
“...com a devida antecedência, não conseguimos entrar no pavilhão pela porta principal para nos equiparmos...”.Seguiu-se, no final do jogo, uma enorme caravana de automóveis proveniente de Coimbra, que em romaria, daria a volta à Figueira em ambiente festivo.Com este resultado, o Ginásio concluiria o campeonato em igualdade pontual com o F.C. do Porto, mas com uma vantagem no “cesto avarage” de quatro pontos a seu favor.Na segunda fase, o Ginásio obteve 11 vitórias, 3 derrotas (em “casa” emprestada Ílhavo com o Sangalhos, no Barreiro por um ponto e no Porto por quatro pontos); fez 25 pontos, marcando 1140 pontos e sofrendo 990.“Pertenceu-lhe o melhor basquetebol que se praticou no Campeonato. Foi a equipa que menos sentiu os ambientes, lutando com determinação e humildade, Foi essa equipa que, no passado sábado, arrastou enorme multidão ao Pavilhão da Palmeira, tão entusiástica e apaixonada que ninguém diria que o Académico jogava em casa...” , escreveria
“OS CINCO MAGNÍFICOS”
Na foto: António Almeida, António Sotero, Luis Dionisio, Eustácio Dias, Samuel Carvalho.
Seguir-se-ia, em 23 de Junho, a vitória na Taça de Portugal na cidade da Guarda (Pavilhão da Inatel), onde o adversário foi o Futebol Clube do Porto, após terem sido afastados o Clube Naval Infante D. Henrique, o Sangalhos, o Atlético e na meia-final, o Benfica em Lisboa, por 83-86. Perante uma numerosa falange de apoio vinda da Figueira da Foz, o Ginásio venceria por 82-72.“...Mas vamos ter muitas dificuldades porque o Porto é uma boa equipa como já o demonstrou no Nacional. Mas com o apoio que vamos ter da nossa “claque”, talvez isso seja um contributo para nós nos podermos ultrapassar a nós próprios...Vamos contudo fazer todos os possíveis para trazer a Taça, o troféu que nos falta, para fecharmos com chave de ouro, pois que fomos campeões regionais, distritais e nacionais....O moral da equipa é «bestial», não podia ser melhor. Apesar de tudo, vamos apresentar-nos na Guarda em plena forma física. O Sotero teve um princípio de entorse mas já recuperou”, diria o capitão Samuel Carvalho em entrevista nas véspera do jogo a um jornal periódico.O treinador Azevedo, afirmaria na mesma entrevista: “Temos seguido uma preparação mais ou menos enquadrada com o decorrer da época que já vai adiantada...Os jogadores estão um pouco saturados. De qualquer maneira, tem-se feito um grande esforço e eu quero enaltecer esse aspecto dos jogadores do Ginásio... Estou convencido que com o próprio decorrer do jogo, pode levar a equipa a galvanizar-se, e a realizar uma exibição ao nível das melhores que já fez”.
“Justo triunfo do Ginásio não só pelo que realizou de bom na primeira parte, como, também, pela forma como se bateu no seu pior período. A sua reacção final é bem própria de Campeões.” Escreveria o «Diário de Coimbra», no seu comentário ao jogo.
“Festa de Homenagem aos Campeões”(Ginásio x Misto) - Pav. do Liceu - 03.07.77
O Ginásio homenageou a sua equipa na Figueira da Foz, com um jogo entre o Ginásio e um misto de jogadores que representavam o Sporting, o Benfica, o F.C. do Porto, o Sangalhos, o Barreirense, o Académico de Coimbra e o Algés., que acabariam por vencer por um ponto (79-80). O Ginásio veria dois dos seus atletas Samuel Carvalho e Eustácio Dias convocados para a Selecção Nacional. “Penso que os meus colegas de equipa deveriam ter sido convocados. É um pouco estranho que a equipa que ganhou as competições nacionais tenha apenas dois elementos na selecção e outros, tenham quatro...”, lamentaria Samuel Carvalho, mais tarde, com alguma mágoa. No ano seguinte, António Almeida seria convocado para a Selecção Nacional. A época terminaria com a realização do Torneio Internacional da Figueira da Foz, disputado entre 5 e 7 de Agosto, com a presença do Ginásio, da Selecção Portuguesa e da Selecção do Canadá. O Canadá venceu o Torneio ao ter por vitórias os dois jogos disputados, tendo o Ginásio ficado em 2º lugar por ter vencido a Selecção Nacional Portuguesa por (79-58). A anteceder a sua presença na Taça dos Clubes Campeões Europeus, o Ginásio faria deslocar a sua equipa a Valladolid onde defrontou o Universitário. Aproveitando a retribuição da visita, organizou um Torneio Triangular que contou ainda com a presença do Sangalhos. Integrado no Grupo B, conjuntamente com o Real Madrid, que pela segunda vez tinha vencido a Taça Intercontinental de Clubes e haveria de ser considerado como o “Clube do Século”, o TUS-04 Bayer de Leverkusen (da então R. F. da Alemanha) e o T-71 Dudelange do Luxemburgo, o Ginásio iniciaria a sua presença europeia em Outubro de 1977.
“Comitiva do G.C.F. de visita à fábrica da Bayer em Leverkusen”
Se no aspecto financeiro, com apoios da Câmara Municipal e de outras entidades foi possível fazer face às despesas de participação, no aspecto desportivo e social a experiência foi extremamente enriquecedora. Jogar contra o Real Madrid foi algo inesquecível para todos, assim como os contactos com as comunidades emigrantes no Luxemburgo e na Alemanha, onde a comitiva foi presenciada com uma riqueza de atenções por parte da Bayer.
“Bilhetes de sócio para os jogos da Taça dos Campeões Europeus” ...“Ao intervalo do jogo com o Real Madrid, o treinador virou-se para mim e disse que ia cobrir o Brabender...recuei no tempo, em que miúdo ainda, vi actuar a equipa do Real Madrid num jogo em Lourenço Marques… Nessa equipa, pontificava um jogador loiro que durante muito tempo foi um dos «posters» colocados na parede do meu quarto...” Passados alguns anos, “...recordo aquele episódio curioso que se passou num restaurante da Figueira em que me tendo levantado da mesa, ouço a voz de uma senhora a chamar pelo “Samuel, ó Samuel !!!”, nome identificativo não muito frequente. Ao voltar-me, dou com um miúdo acompanhado pela sua mãe, com evidentes sinais de cansaço de quem tinha corrido para segurar o filho, que era o Samuel. O senhor é o Samuel? O meu marido vem daqui a pouquinho e contar-lhe-á uma história....”, Dudelange no Luxemburgo, é um local onde existe uma forte comunidade lusa e entre eles, muitos Figueirenses.“Quando o Ginásio foi jogar a Dudelange, visitou vários locais da comunidade portuguesa onde espalhou e granjeou as melhores simpatias. Eu era um daqueles miúdos que repleto de curiosidade quis ver de perto os jogadores dessa equipa. Marcou-me a simpatia de todos, nomeadamente a do capitão da equipa, Samuel. Pensei na altura que quando tivesse um filho, dar-lhe-ia o nome de Samuel...”. Confessaria vinte e cinco anos mais tarde Samuel Carvalho: “A equipa galvanizou a cidade e congregou muita gente em torno dela. Toda a gente viveu o sucesso do Ginásio. Fascinava, como mal entrávamos para o aquecimento, o público ao redor do então pavilhão gimnodesportivo do Liceu nos incitava e gritava pelo Ginásio. Quando estávamos para iniciar o jogo, íamos já acima dos 100% e sentíamos o calor do público que se acomodava na bancada principal e na amovível e em todos os lugares disponíveis, para nos ver jogar e incitar. A equipa jogava de uma forma alegre e isso reflectia-se em todo o ambiente em volta. O que nos fez muitas das vezes ganhar jogos, foi nós nos ultrapassarmos a nós mesmos, ao nosso valor técnico e táctico, ao nosso espírito de grupo e de união que reinou dentro da turma, onde a camaradagem foi muito grande entre todos”. “Foi uma época que me marcou bastante mesmo em termos de maturidade...”, recordaria Eustácio Dias, enquanto António Almeida afirmaria que “Só hoje tenho a ideia do efeito que teve...”.Por seu turno, António Albano recorda que: “…marcaram-me muito os contactos Internacionais...” e Luís Dionísio, relembra: “Foi algo que ultrapassou a dimensão concelhia... ainda hoje sou abordado por pessoas de concelhos limítrofes que se deslocavam propositadamente para nos ver jogar e que aguardavam pacientemente, duas horas antes do início, para poderem entrar no pavilhão...”.“... Recordo a salutar amizade e a camaradagem que havia... mas pessoalmente, marcou-me muito o jogo da Taça, como prova inequívoca do valor da equipa...” lembra António Tafula.“O ponto que me marcou mais foi o facto de que todos nós estávamos altamente motivados para ganhar... a equipa viajava numa carrinha apertada VW e mais um carro de apoio. Chegávamos no mesmo dia ao local do jogo e viajávamos de regresso à Figueira às tantas da manhã! Não havia estágios nem concentrações. A única coisa que tínhamos era um bom apoio de todos os ginasistas”, recorda António Sotero.
Na memória colectiva, ficou para sempre retida a imagem do activo Álvaro Jesus Mota, promovido a “maestro” pela forma empolgante e alegre com que contagiava a claque do Ginásio. A sua figura electrizante, a anteceder (quantas vezes, uma hora ou hora e meia antes...) e no decorrer das pugnas desportivas, geraram-lhe uma onda de simpatia a que os figueirenses no geral e os ginasistas em particular, jamais esquecerão.



“Época de 1977/78 - Vice-campeões Nacionais”


A equipa do Ginásio Clube Figueirense com os troféus conquistados na época de 1976/77”



Em cima: Costa Gomes (M), Henrique Vieira, António Sotero, Luis Magalhães, Luis Dionisio, António Almeida, António Albano.Em baixo: António Azevedo (T), Eustácio Dias, Vitor Lopes, Carlos Rodrigues, Samuel Carvalho (Cap.), António Tafula (Sec.).

2 comentários:

disse...

Porque estou a organizar uma base de dados para a empresa onde trabalho, MEDIZIN,Lda; tenho que fazer pesquisas na Internet. Agora estou a trabalhar os Departamentos Médicos dos Clubes, por isso vim aqui parar. O meu marido é amigo do Samuel de Carvalho e de toda a sua família desde os tempos de Moçambique. Fiquei muito contente e emocionada por terem dedicado este espaço a este grupo que tanto deu ao Baquetebol Nacional e em especial ao Ginásio Figueirense. Tenho pena que não haja mais comentários a esta notícia.

Miguel disse...

alguem conhece quen gui^?
da aulas em cernhache caic coimbra