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terça-feira, 23 de outubro de 2007

Entrevista de Carlos Barroso ao Semanário Desportivo do Centro


Carlos Barroso estagiou em quatro cidades espanholas
“Não há ninguém que saiba tudo”

No espaço de um mês, Carlos Barroso rumou duas vezes a Espanha para estagiar em clubes de Vigo, Vitória, Bilbau e Valladolid. A valorização como treinador é o principal objectivo.A primeira etapa do “estágio” de Carlos Barroso em terras espanholas aconteceu em meados do mês passado. Em Vigo, onde tem bastantes conhecimentos, o técnico figueirense teve contacto directo com o trabalho que se faz em vários clubes da região, nomeadamente no Porriño Basket através dos treinadores Janaro e Dário Mendez. Mais recentemente, igualmente em Espanha, Barroso esteve em Vitória, Bilbau e Valladolid para trocar experiências com clubes destas cidades, com especial incidência ao nível do treino mas também da organização de campus de férias, promoção e marketing na preparação de jogos e outros eventos.Em conversa com o Semanário Desportivo do Centro, Carlos Barroso explica que “há anos que tenho alguns conhecimentos em Espanha, nomeadamente em Vigo, e através desses contactos fui conhecendo outras pessoas que me abrem algumas portas que aproveito para me enriquecer ao nível do trabalho e de outros aspectos em que nós ainda estamos um pouco parados no tempo”. Especificando a distância que nos separa dos vizinhos espanhóis, o treinador do Ginásio frisa que “o treino não está muito longe e não foge muito àquilo que nós exigimos, se calhar com mais intensidade. As condições é que são outras. Nós aqui treinamos em duas tabelas e eles têm quatro ou cinco. Fazem quatro treinos semanais, por vezes cinco, no mínimo duas horas de treino, e há zonas onde treinam ao ar livre, aproveitando todas as condições que têm. E têm sempre mais do que um treinador nos treinos, enquanto em Portugal ainda é frequente haver só um”. Outras diferenças existem “sobretudo na forma como publicitam o espectáculo, como o divulgam e apresentam. No próprio jogo, a forma como os espectadores são enquadrados dentro do pavilhão é totalmente diferente. Por exemplo, uma equipa da LEB, que equivale à nossa Proliga, tem médias de oito/nove mil pessoas. Vê-se que há um grande investimento, de milhares de contos, na promoção do jogo e do espectáculo. O basquete em Espanha está em voga e se calhar, actualmente, é mesmo o desporto-rei aproveitando o que de bom a selecção espanhola tem feito”. Estabelecendo um paralelo com o nosso país, Carlos Barroso lembra que “a nossa selecção também fez um brilharete” e que agora “se soubermos vender esse produto talvez nos aproximemos um pouco do que se faz em Espanha”.A concluir, Carlos Barroso realça a importância da manutenção de contactos entre os diversos treinadores: “Só temos a ganhar falando uns com os outros. Não há ninguém que saiba tudo. Uns sabem uma parte, outros sabem outra e só falando é que todos nos enriquecemos. Mas este espírito tem de partir dos próprios treinadores porque isto também tem alguns custos e cada um terá de suportar os seus”.

Boas condições

Este ano, no Ginásio Figueirense, Carlos Barroso está à frente da equipa de Cadetes Masculinos: “É um grupo que conheço bem, uma vez que acompanho a maioria dos jogadores há quatro anos. Gosto de trabalhar com este atletas e com as pessoas ligadas à equipa e vamos tentar fazer o melhor possível. Não será muito fácil atingir aquilo que queremos, o apuramento para o ‘Nacional’, mas vamos lutar por isso. Só há uma vaga para três candidatos”. Perguntámos se o que aprendeu em Espanha poderá aplicar-se ao trabalho que faz com a equipa. Resposta pronta: “Sim. Em questão de treino não me posso queixar das condições, uma vez que temos duas vezes por semana um pavilhão com oito tabelas, o que é excelente. Aí posso de facto utilizar muito daquilo que aprendi, pois uma coisa que eles têm é que o treino nunca é parado, há sempre movimento e competição. E nesse aspecto o que aprendi pode aplicar-se muito às condições de trabalho que tenho”.

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